Diz-me como mastigas, dir-te-ei como falas!

 

Algumas pessoas pensam que falar é algo instintivo, natural no desenvolvimento, mas não é bem assim!

Para que a fala se desenvolva bem, e no tempo esperado, é importante que a criança ouça bem; tenha boas condições cerebrais e emocionais;  que seja estimulada corretamente, ou seja, ouça as pessoas falarem corretamente; e que tenha condições orais para o fazer: bom desenvolvimento da face e dos músculos orofaciais que são exercitados na mastigação.

Como já devem ter observado, várias estruturas presentes na boca são utilizadas para falar e nem todas já estão presentes logo ao nascimento, como por exemplo os dentes.

Essencialmente, usamos os lábios, a língua, as bochechas, os dentes, o céu da boca (palato duro) e a campainha (palato mole/ úvula) para produzir um som da fala.

Os dentes e ossos são rodeados por músculos, que de acordo com sua força e mobilidade, podem interferir na posição nos dentes e na oclusão dentária.

Ao nascimento, os lábios, a língua e as bochechas tem o desenvolvimento estimulado pela amamentação.  O aleitamento natural exclusivo, até os seis meses, é um excelente treino para estes órgãos, bem como para a respiração.

 

Somente o aumento gradual das consistências e a ingestão de alimentos rijos e duros, frequentemente, vai garantir o desenvolvimento da musculatura, pois a mastigação é uma função bastante complexa e que exige coordenação dos órgãos que dela participam.

 

Entretanto, com o crescimento, para que haja continuidade de ganho de força muscular e melhor funcionamento, é preciso aumentar a exigência, por isso ocorre, lentamente o desmame, e a introdução de outros alimentos mais consistentes. Desta forma, por volta dos 4/ 5 meses de idade as papas introduzidas devem ser amassadas com o garfo; aos 7 meses, as papas devem ser oferecidas com pequenos pedaços de legumes cozidos; aos 9 meses, os alimentos semi-sólidos ensinam a criança a cortar os alimentos com os próprios dentes para comer e com 1 ano, a criança já deve alimentar-se com todas as consistências – deve partilhar a situação e os alimentos da refeição familiar.

Os músculos utilizados na amamentação e mastigação, são os mesmos utilizados para falar, engolir e sugar. Logo, o exercício dos músculos, ganho de força e melhoria da mobilidade é que auxiliará o desenvolvimento da fala com adequação.

Ainda pode restar a dúvida: Quais alimentos podem ser considerados rijos e fibrosos?

  • Passas;
  • Frutos secos;
  • Maçã;
  • Carne;
  • Cenoura;
  • Brócolos;
  • Pão;

Não basta alimentarmo-nos com alimentos fibrosos…

É preciso que:

  • O alimento seja cortado com os dentes frontais.
  • O alimento deve ser mastigado ora de um lado e ora de outro da cavidade oral.
  • A mastigação deve ocorrer com a boca fechada e a respiração pelo nariz.
  • O alimento deve ser bem triturado e para isso o alimento deve ser mastigado muitas vezes até que seja reduzido a partículas pequenas para que, misturando com a saliva, possa ser engolido com conforto.

Leia mais sobre esta temática aqui.

Veja o debate promovido pela Universidade Fernando Pessoa, onde a Dra. Silvia Hitos falou sobre esta temática.

 

Dra. Silvia Hitos – Terapeuta da Fala