Hoje, Dia Mundial da Prematuridade (17 de Novembro), vimos falar-lhe da importância do Terapeuta da Fala junto dos bebés prematuros e das suas famílias.

 

Terapia da Fala no mundo XXS – uma questão de peso

Somos Terapeutas da Fala, mas não trabalhamos apenas as questões relacionadas com a fala. Quanto vale ser Terapeuta da Fala? Vale o sorriso de uma família por conseguir alimentar o seu bebé prematuro.

Na verdade, poderá contar connosco em todas as etapas da vida, desde do nascimento até à velhice. O Terapeuta da Fala assume um importante papel na equipa neonatal e pediátrica, sendo útil quando o bebé recusa comer, apresenta dificuldade em ganhar peso, mostra aversão a alguns alimentos ou texturas, ou até quando tem pneumonias com frequência. Assim, o nosso trabalho abrange aspetos relacionados com a prevenção e a reabilitação de dificuldades de comunicação e ainda a adequação e estimulação da alimentação oral. Além disso, também estabelecemos métodos de avaliação clínica do padrão de sucção e participamos no trabalho de transição da alimentação gástrica para a via oral e amamentação, com destaque para a estimulação sensório-motora-oral e para a sucção não-nutritiva.

Se ambiente hospitalar é nocivo para toda a família, ainda mais difícil é para o bebé prematuro. Por esse motivo, quanto menor for o tempo de internamento, menores as consequências no seu desenvolvimento. 

Então, mas o que faz ao certo o Terapeuta da Fala, com os bebés prematuros, as equipas de que faz parte, e as suas famílias?

Observa, avalia e acompanha a alimentação do recém-nascido e as etapas seguintes do seu desenvolvimento.

 

  • Avalia o bebé e tudo o que influencia a alimentação (por exemplo: o tónus; a postura; os movimentos; como se organiza, regula e gere o stress; a morfologia do bebé e os seus reflexos; a sucção nutritiva e não-nutritiva; a respiração e a deglutição).

  • Ajuda o bebé a aprender a usar a boca: tanto para falar como para comer – aprender a fazer sons, a pegar na mama, a succionar, a engolir e a coordenar tudo isto com a respiração.

  • Ajuda em cada fase da progressão da alimentação por sonda para a alimentação oral, apoiando a família em todo o processo;

  • Orienta e aconselha quanto à seleção e uso de colheres, copos, (eventualmente tetinas e chupetas, quando necessários) e outros materiais, tendo em conta que devem ser adequados a cada caso – o que é melhor para um bebé nem sempre é o melhor para outro – bem como que estratégias devem ser utilizadas com cada material;

  • Orienta e aconselha quanto aos posicionamentos e comportamentos a adotar durante o aleitamento e alimentação;

  • Promove a normalização da sensibilidade oral, para que o bebé aceite serenamente os estímulos no corpo, na face e na boca;

  • Promove a normalização de comportamentos relacionados com a alimentação, para que consiga receber estímulos de diferentes sabores ou texturas, para que “pratique” o engolir, por exemplo;

  • Promove a normalização do ambiente da alimentação, tendo em conta o espaço da alimentação e tudo o que o compõe: aspetos visuais, cheiros, sons, estado anímico do cuidador, conforto do bebé e do adulto;

  • Ajuda a conhecer os sinais de fome e saciedade do bebé;

  • Orienta relativamente à introdução alimentar, quando é chegado o momento.

Tudo isto com conhecimento, baseado na evidência científica, mas também com afeto e oferecendo suporte à família, para que a ida para casa seja mais fácil e rápida, e com a maior segurança. Assim, o bebé está pronto para ir para casa quando é capaz de receber uma alimentação que lhe dê a quantidade de nutrientes adequada – tem autonomia alimentar. Idealmente (e cada vez mais), o Terapeuta da Fala integra a equipa interdisciplinar que acompanha estas famílias e bebés e contribui com intervenções adequadas e baseadas na evidência para promover autonomia

AUTORES:

Dra. Ana Campos – Terapeuta da Fala

Dra. Márcia PereiraTerapeuta da Fala

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