Nesta que é a semana em que se celebra mundialmente a alimentação, tem vindo a crescer o número de estudos que revelam a ligação entre o ato da alimentação e a forma como o ser humano se perceciona, ou vê ao espelho, sobretudo num dos períodos mais sensíveis do desenvolvimento humano, em resultado das rápidas mudanças emocionais e físicas, chamado Adolescência. 

Para Bittrar, C. & Soares, A. (2020) “a adolescência é geralmente entendida como fase da existência caracterizada pela transição entre infância e vida adulta”. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde) a adolescência é o período que encaixa as faixas etárias entre os 10 e os 19 anos, neste sentido é durante este período que são incorporadas características relacionadas à descoberta e vivência de múltiplos aspetos sociais e emocionais. Por se tratar de uma fase de transição e de mudanças a níveis múltiplos é esperado que os adolescentes possam adotar comportamentos de risco tanto para a sua saúde física como mental (e.g. uso de substâncias alcoólicas ou psicotrópicas; comportamentos sexuais de risco; comportamento antissocial ou suicida; hábitos alimentares não saudáveis ou prática inadequada de exercício físico).

Já o comportamento alimentar, de acordo com Gonçalves (2013), é definido como as “respostas comportamentais ou sequenciais associadas ao ato de alimentação, forma de alimentação e padrões rítmicos de alimentação” que acaba por ser influenciado pelas perceções que o indivíduo tem sobre os alimentos e/ou alimentação, às suas experiências anteriores e ao estado nutricional do processo alimentar.

Neste sentido, é na fase da adolescência, com a experiência de todas as grandes mudanças desenvolvimentais e sociais, a crescente importância das relações sociais, a autonomia nas suas escolhas alimentares, e a capacidade de autorregulação, que se verifica uma maior incidência do desenvolvimento das perturbações de comportamento alimentar (PCA), na medida em que o comportamento alimentar dos adolescentes é influenciado por fatores biológicos (e.g. preocupação com o peso corporal), psicológicos (e.g. preocupação com a imagem corporal), e socioculturais (e.g. pressão social para a magreza aliada à necessidade de aceitação pelos pares).

As PCA são um problema de saúde pública, afetam milhões de pessoas por todo o mundo, principalmente adolescentes e jovens adultos, e de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 5ª edição (DSM-V) (2013), são caracterizadas por “uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial”. 

Assim, ao compreender as multidimensões relacionadas entre a alimentação e a adolescência, é importante que em consulta de especialidade seja entendida para além da componente física relacionada com o comportamento alimentar, a componente emocional é também muito importante na medida em que são as associações cognitivas e o estilo de vinculação social elementos muito preponderantes na forma como o indivíduo se alimenta. É ainda relevante o desenvolvimento de intervenções psicológicas e nutricionais eficazes para alcançar mudanças nos comportamentos alimentares, na medida em que padrões de comportamento mais saudáveis interiorizados na adolescência tenham uma maior probabilidade de continuar ao longo do seu período de desenvolvimento.

 

CONSIDERO, AINDA, IMPORTANTE ESCLARECER ALGUNS SINAIS DE ALERTA ASSOCIADOS A ESTE TIPO DE PERTURBAÇÕES DE FORMA QUE SE CONHECER ALGUÉM COM ALGUM TIPO DESTAS MANIFESTAÇÕES POSSA AGIR DE FORMA A QUE ESTA PESSOA POSSA VIR, CASO SEJA O SEU DESEJO, A SER AJUDADA POR ALGUM PROFISSIONAL NA ÁREA DA SAÚDE FÍSICA E MENTAL:  

  Avaliações e Preocupações intensas e frequentes com o peso e com a forma corporal;

 Insatisfação permanente com o seu corpo;

 Preocupações intensas e frequentes com os alimentos, calorias e nutrição;

 Implementação de rotinas diárias rígidas, no que toca à ingestão alimentar ou prática de atividade física;

  Seleção excessiva de alimentos com baixas calorias;

 Comportamentos pouco comuns em relação aos alimentos, como parti-los em pedaços extremamente pequenos, ingerir esses pedaços individualmente, espalhá-los organizadamente pelo prato, e muitas vezes, acabar por não os ingerir;

 Dietas constantes, mesmo quando apresenta sinais de magreza corporal;

 Insistência em “estar gorda(o)”, mesmo quando é notório que está magra(o);

 Medo intenso de estar gorda(o) ou de engordar;

 Oscilações de peso rápidas e inexplicáveis;

 Toma excessiva de diuréticos, laxantes ou medicação para emagrecer;

 Exercício físico intenso e excessivo, especialmente antes e/ou depois de comer;

 Jejuns prolongados;

 Evitar ativamente situações sociais que envolvam comida;

  Refugiar-se na casa de banho após as refeições;

 Isolar-se para comer, ou comer mesmo em segredo;

 

POR OUTRO LADO, SERÁ TAMBÉM IMPORTANTE APRESENTAR ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL E FÍSICAS, QUE SÃO TRABALHADAS EM CONSULTAS DE ESPECIALIDADES (PSICOLOGIA/PSIQUIATRICA, MEDICINA GERAL E FAMILIAR E NUTRIÇÃO):

 Promoção de um bom estado nutricional e uma alimentação saudável;

 Melhorar a relação do indivíduo com a comida e com o seu próprio corpo;

 Redescoberta do prazer relacionado com o ato alimentar, sem a presença de algum tipo de culpa associado;

 Reconstrução da autoconfiança do paciente no que toca à compreensão dos seus sinais de saciedade e/ou fome;

Promoção da vida social;

 Discussão saudável da dicotomia de Padrões de Beleza vs Qualidade de Vida

Se se identificou com algum dos elementos ou sinais de alerta descritos anteriormente, procure ajuda ou aconselhamento junto de algum profissional de saúde especialista e, neste sentido, a MR Terapias disponibiliza uma equipa de excelência, composta por Psicólogos/as, que pode cuidar de si. Não hesite e entre em contacto connosco através do contacto telefónico – 211 622 808 / 911 738 111, ou do e-mail geral@mrterapias.pt. 

 

DRA. ANA ROCHA – PSICÓLOGA CLÍNICA