Sinais de Alerta e Promoção da Saúde Mental dos Adolescentes

 

A Organização Mundial de Saúde, desde o ano de 1950, tem promovido o Dia Mundial da Saúde, de forma a projectar atenção e alerta sobre as problemáticas mais significativas a cada ano que passa. 

Após um longo período de Pandemia, com o crescendo das alterações climáticas e as suas consequências mundiais, e no interregno de uma guerra, observa-se um grande impacto destas três variáveis na saúde mental da população humana, verificando-se efeitos mais nefastos na adolescência.  

A Adolescência, de acordo com Marcelli & Braconnier (2004), é a idade da mudança (período entre os 10-19 anos) (…) uma passagem entre a infância e a idade adulta. E.Kestemberg afirma muitas vezes que o adolescente é simultaneamente uma criança e um adulto, mas na realidade ele já não é uma criança, e ainda não é um adulto. Este duplo movimento de negação constitui a própria essência da crise que todo o adolescente atravessa. 

Tendo em atenção a crise natural desta fase do desenvolvimento, e em conjunto com as variáveis externas referidas anteriormente, denota-se no trabalho desenvolvido em contexto clínico na MR Terapias um aumento da prevalência de diversas perturbações do foro psicológico na geração actual de adolescentes, mais especificamente as perturbações de Humor e de Ansiedade. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde e da Ordem dos Psicólogos Portugueses, as Perturbações de Humor (e.g. Perturbação Depressiva), afectam cerca de 10% da população portuguesa, sendo uma das problemáticas de saúde mais frequente em todo o mundo. Já no que toca às Perturbações de Ansiedade, os dados mais recentes apontam que 1 em cada 6 portugueses tem problemas de Ansiedade, sendo que na população adolescente as perturbações de ansiedade mais prevalentes são a Fobia Social, Agorafobia e Perturbação de Pânico.  

De forma a elucidar a população sobre este tipo de problemáticas considera-se importante mencionar alguns sinais e/ou sintomas para os quais devem estar atentos de forma a obter uma intervenção mais atempada.

Neste sentido, elaboramos uma lista de elementos gerais e de elementos característicos das perturbações de humor e de ansiedade, nomeadamente: 

Alterações no rendimento escolar; 

Alterações no comportamento habitual; 

 Maior isolamento social (e.g. afastamento dos pares e dos elementos familiares); 

Aumento dos conflitos nas relações interpessoais; 

Alterações no apetite, e consequentemente no peso (diminuição ou aumento); 

Alterações do sono (insónia ou hipersónia); 

SINAIS DE ALERTA NAS PERTURBAÇÕES DE HUMOR

  • Maior irritabilidade; 
  • Aspecto facial de infelicidade / tristeza (e.g. olhos lacrimejantes, cantos da boca voltados para baixo);
  • Postura retraída; 
  • Diminuição do contacto visual com o outro; 
  • Incapacidade de sentir as emoções habituais; 
  • Diminuição dos cuidados de higiene pessoal; 
  • Diminuição acentuada de interesse ou prazer nas atividades diárias; 
  • Agitação ou maior lentificação psicomotora; 
  • Aumento da fadiga e perda de energia; 
  • Aumento de sentimentos de auto-desvalorização (e.g. inutilidade); 
  • Dificuldades de concentração; 
  • Dificuldade na tomada de decisões; 
  • Aumento de pensamentos negativos de fracasso e culpabilização (e.g. “sou um fracasso”, “A culpa é minha”, “Não vale a pena viver”); 
  • Aumento de comportamentos de risco (e.g. consumo de álcool e/ou drogas); 
  • Em situações limite/risco poderão existir pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativas de suicídio ou elaboração de plano específico para cometer suicídio. 

SINAIS DE ALERTA NAS PERTURBAÇÕES DE ANSIEDADE

  • Preocupação excessiva;
  • Medo excessivo e irracional; 
  • Tensão muscular (músculos rígidos); 
  • Problemas digestivos (e.g. cólicas); 
  • Medo de eventos sociais; 
  • Sensação de constrangimento, em consequência do medo da exposição social; 
  • Perfeccionismo exagerado; 
  • Ataques de dúvidas persistentes;

 

ESTRATÉGIAS PROMOTORAS DO BEM-ESTAR:

Se se identificou com alguns estes sinais de alerta pode estar a passar por uma situação particularmente vulnerável que lhe pode trazer dificuldades adicionais na rotina do seu dia-a-dia. É importante também referir que não são apenas as pessoas com dificuldades de saúde psicológica que sofrem com estas problemáticas, também os seus familiares e amigos vivenciam uma situação extraordinariamente difícil por prestarem apoio a estas pessoas. Contudo para ambos os casos apresentamos algumas sugestões de estratégias que podem ajudar a lidar com estas dificuldades acrescidas que se sentem em períodos de maior crise psicológica. 

  • Esteja atento às suas emoções, sentimentos e pensamentos, aceitando-os na perspectiva da imprevisibilidade da situação em que se encontra; 
  • Acredite na sua capacidade para lidar com situações difíceis; 
  • Viva um dia de cada vez, concentrando-se no aqui e agora, e sobre as coisas que pode controlar; 
  • Use o humor que contribui para diversificar as emoções e controlar melhor os pensamentos;  
  • Reforce as suas relações de proximidade emocional; 
  • Expresse os seus afectos da forma mais confortável, reforçando os seus comportamentos pró-sociais (e.g. telefonema, e-mail, vídeo-chamada); 
  • Reduza a possibilidade de conflitos, e identifique um espaço pessoal para onde se possa retirar quando se sentir irritado ou frustrado. 
  • Procure sentir-se útil através de estratégias que promovam a gratificação pessoal (e.g. voluntariado); 
  • Estabeleça expectativas/objectivos realistas, de acordo com as suas capacidades; 
  • Defina períodos em que fique offline (sem aparelhos electrónicos); 
  • Faça uma lista de desejos de coisas que gostaria de ver, ouvir, e fazer num momento próximo e com as quais se possa entusiasmar; 
  • Procure manter uma rotina, mas diversificando as suas atividades; 
  • Dê o desconto a si próprio, não sendo demasiado duro consigo e aceite que comete erros; 
  • Procure equilibrar a vida pessoal com a vida profissional; 
  • Faça uma alimentação saudável; 
  • Efectue uma atividade física, durante pelo menos 10 minutos; 
  • Pratique bons hábitos de sono (deitar e levantar à mesma hora); 
  • Cultive práticas de relaxamento e tranquilidade (e.g. conversar, pintar, ler, ouvir música, jogar um jogo, contemplar, meditar, rezar, tomar um banho quente, beber um chá); 
  • Despenda alguns minutos do seu dia para pensar sobre as coisas boas que lhe aconteceram, sentiu ou experienciou;  
  • Desenvolva a sua resiliência (capacidade de resolução de problemas); 
  • Projecte-se no futuro de forma positiva, encarando as situações difíceis como uma oportunidade de crescimento individual. 

Se após aplicar estas estratégias, adoptando algumas medidas promotoras do bem-estar, ainda assim os seus sentimentos de ansiedade, depressão, inquietação, ou dor forem excessivos e persistentes, perdendo qualquer prazer no seu quotidiano e se experienciar uma profunda tristeza, elevada irritação, agressividade ou sentimentos de assoberbamento, sentindo-se a ficar sem controlo, PEÇA AJUDA!

Deixamos em seguida algumas linhas de apoio às quais poderá recorrer: 

  • Linha de aconselhamento psicológico do SNS24 – 808 242 424 (selecionar opção 4) 
  •  Linha SOS Voz Amiga – 213 554 545 / 800 209 899 (chamada gratuita) 
  • Linha Conversa Amiga – 210 027 159 
  • Vozes Amigas de Esperança de Portugal-222 030 707 

Por outro lado, deverá ainda procurar ajuda especializada de um/a Psicólogo/a, e neste sentido a MR Terapias disponibiliza uma equipa de excelência que pode cuidar de si.

Contacto telefónico – 211 622 808 / 911 738 111. 

AUTORAS:

Dra. Ana Rocha – Psicóloga Clínica

Dra. Inês Fernandes Costa – Psicóloga Clínica

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